Dignidade no Território

Imagem: Welinton Moraes

Direitos humanos deve ser prioridade

Roberta Marina, Assessora de Enfrentamento à Violência Institucional da Instituição Conectas,  explica que os direitos humanos são um conjunto de princípios e garantias fundamentais para todas as pessoas, sem exceções. Esses direitos têm como base a dignidade humana, a liberdade, a igualdade e a justiça, buscando proteger o indivíduo contra abusos e garantir condições mínimas para uma vida digna. 

Roberta Marina

Conforme a Dra. Cecilia Galício, da Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Paulo, a Constituição Brasileira assegura direitos universais, como o acesso à saúde e à moradia, mas, na prática, essas garantias frequentemente não chegam à Cracolândia.  

Segundo a advogada, o que se observa nesse contexto é a aplicação do chamado “Guerra às Drogas“, que se traduz, muitas vezes, em violência direcionada aos usuários de substâncias entorpecentes.

Cecilia Galício

Nesse processo, em que os direitos humanos devem ser respeitados, a sociedade também desempenha um papel crucial na busca pela justiça social e no combate ao preconceito que frequentemente marginaliza ainda mais os moradores da região da Cracolândia.

Roberta Marina

Como mencionado por Roberta, os movimentos sociais, por meio de suas ações de apoio, ajudam a garantir que alguns direitos sejam efetivados. Nesse contexto, destaca-se o assistencialismo relacionado aos serviços de saúde pública.

Assistencialismo não é doação

Na visão da assistente social Bárbara Ezequiel, que já foi usuária da Cracolândia por 16 anos, a assistência social é entendida como uma política pública e um direito de cidadania, fundamental para garantir a proteção social de indivíduos e grupos em situação de vulnerabilidade ou risco social.

Bárbara Ezequiel

De acordo com Barbará, ao adentrar esses territórios, é fundamental deixar os estigmas de lado. Cada indivíduo carrega uma história única, marcada por contextos de vulnerabilidade que não podem ser reduzidos a preconceitos ou julgamentos. É necessário olhar para essas pessoas com empatia, reconhecendo sua humanidade e o direito à dignidade, sem rótulos que perpetuem exclusões ou desigualdades.

Bárbara Ezequiel

aspas

Cenários de uso a céu aberto são lugares tão tenebrosos que, ainda assim, existem pessoas e entidades que vão até lá para oferecer auxílio, como comida e cobertores. Com essas ações, mostram que ali ainda existem seres humanos

- Bárbara Ezequiel

Antes e depois de Bárbara Ezequiel após sair da Cracolândia de São Paulo  (Arquivo pessoal/Bárbara Ezequiel).

Em suas falas, Bárbara ressalta que o olhar de marginalização em sua direção teve um peso na época em que frequentava a cracolândia: “Eu consigo até entender o nojo e o desprezo, mas consigo compreender muito mais o gesto de uma pequena parcela de pessoas que me enxergava de verdade.”

Bárbara Ezequiel

aspas

Eu sou grata a cada movimento que me ajudou

- Bárbara Ezequiel

Os direitos humanos devem ser resguardados pelo Estado e também pela fiscalização da sociedade civil, por meio de denúncias em casos de violações. Em suma, diversas ações sociais surgem em busca de devolver a dignidade às pessoas em situação de vulnerabilidade social na Cracolândia, em São Paulo. Nesses atos, também é papel da sociedade fiscalizar se esses direitos estão sendo efetivamente garantidos.

Fluxo Itinerante

Conhecida como Cracolândia, o fluxo não se limita a um território fixo. É uma experiência itinerante marcada pela vulnerabilidade e pela busca incessante por sobrevivência.

Conheça os testemunhos

Relatar uma mudança significativa na vida é dar voz, por meio do relato, ao orgulho de superar desafios e alcançar a gratidão após momentos difíceis.

Quem são os movimentos sociais?

Formado por missionários, entidades religiosas, ativistas da redução de danos, coletivos de diversas temáticas e ONGs, esse conjunto de iniciativas tem algo em comum: o compromisso de oferecer apoio a quem mais necessita.