Pão do Povo da Rua
Imagem: Welinton Moraes
No cruzamento da Avenida Angélica com a Rua das Palmeiras, próximo à Praça Marechal Deodoro, no bairro de Santa Cecília, em São Paulo, uma ação simples, mas poderosa, está mudando vidas.
O Pão do Povo da Rua é uma iniciativa do Instituto de Pesquisa da Cozinha Brasileira (IPCB), que busca combater a fome e promover a transformação social por meio da capacitação profissional e da reintegração de pessoas em situação de vulnerabilidade.
Imagem: Welinton Moraes
Reintegração e oportunidades
Com foco na reintegração, o projeto oferece cursos de capacitação em panificação, direcionados a pessoas que viviam nas ruas. Esses indivíduos, ao serem acolhidos pela iniciativa, recebem bolsa-auxílio, alojamento, acompanhamento médico, odontológico, psicológico e assistência social.
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Para Ricardo Mendes, gerente geral do projeto, o objetivo é claro: “Queremos atender mais pessoas. A fome está em todos os lugares, ela é mundial.”
Além disso, os cursos são projetados para que os beneficiários possam, no futuro, produzir os próprios pães, criando um ciclo de autossuficiência e oportunidade.
História e fundação
O projeto nasceu em 2020, no auge da pandemia de COVID-19, pelas mãos de Ricardo Frugoli, paulistano com vasta experiência em movimentos sociais. Após perder amigos para a doença e observar a crise da fome, Frugoli começou a distribuir marmitas na porta de sua casa. A doação de um equipamento industrial de panificação foi o ponto de partida para o que hoje é o Pão do Povo da Rua.
Um pão especial
Diariamente, o projeto distribui dois pedaços de pão, um bolo doce e um copo de leite com chocolate para quem vive nas ruas. A receita do pão é cuidadosamente desenvolvida para ser quatro vezes mais nutritiva que o padrão, contendo cacau na massa, o que garante mais energia e nutrientes. Além disso, a textura é macia, atendendo às necessidades de pessoas com problemas dentários.
Imagem: Welinton Moraes
Ricardo Mendes destaca a importância desse cuidado: “A fome não é apenas a ausência de comida, mas a ausência de dignidade. Queremos levar nutrição e respeito às pessoas”.
A fome não é apenas a ausência de comida, mas a ausência de dignidade. Queremos levar nutrição e respeito às pessoas.
- Ricardo Mendes
Transformação através do trabalho
Todos os 30 funcionários atuais do projeto enfrentaram situações de vulnerabilidade social. Para muitos, trabalhar no Pão do Povo da Rua foi um divisor de águas. É o caso do cozinheiro Willian Marques, responsável pelas refeições diárias.
Antes de ingressar no projeto, Willian enfrentava problemas com o uso de substâncias químicas. Hoje, ele vê seu trabalho como uma forma de reescrever sua história.
Willian Marques
Um movimento que depende de todos
O Pão do Povo da Rua sobrevive graças a doações e à parceria com iniciativas como a Rede Cozinha Escola, da Prefeitura de São Paulo, que apoia cerca de 60 organizações sociais. No entanto, para ampliar o alcance e continuar oferecendo suporte, o projeto precisa de mais apoio.
Imagem: Welinton Moraes
Este projeto é mais que um gesto solidário; é uma prova de que pequenos atos podem gerar grandes transformações, promovendo não só alimentação, mas esperança e dignidade para quem mais precisa.
“Um simples pedaço de pão pode mudar uma vida”, reflete Ricardo Mendes, que reconhece o impacto transformador do acolhimento que recebeu no momentomais difícil de sua trajetória.